- E o que mais? - Dan se preocupa.
- Até então só chegava chingando e caia na cama, mas ontem quando cheguei da lanchonete, ele ficou furioso que eu cheguei as 11 horas da noite, começou a gritar comigo e eu respondi, falei que era cedo, que ele só estava dando aquele show porque estava bebado, e...
- E? - ele segura o rosto dela nas mãos a fazendo o olhar.
- Ele me bateu. - fecha os olhos com vergonha - Me empurrou na parede, minha mãe tentou enfrentar ele, foi pior. - lágrimas escorrem por seu rosto. - Bateu nela também. Minha mãe revidou nele, foi horrível. Eu implorei que ele parasse,... Ele parou e dormiu na sala, roncou como um porco, e minha mãe passou a noite toda chorando no quarto dela.
- Nossa, Mari! Que barra! Olha, eu sei que não somos muito próximos, mas pode contar comigo, viu?
- Obrigada. - ela limpa as lágrimas. - Significa muito pra mim ouvir isso de você.
- Mas e onde estava o Anthony?
- Ele só dormiu lá em casa na noite da festa, sexta, agora está ficando na casa da avó dele.
- Menos mal.
- O que eu faço? - pergunta chorosa novamente.
- Ei! - limpa as lágrimas do rosto dela. - Só apoie sua mãe, e conte comigo e a Sam, estaremos contigo.
- Por que está sendo tão legal comigo?
- Eu gosto de você, só não como... - ela o interrompe impaciente e se levanta.
- Somos só amigos, eu sei.
- Espera aí, Mari! - se levanta caminhando até ela que já estava chegando até a porta.
- Melhor eu ir. Diz pra Sam me ligar.
- Você vai ficar aqui.
- O que? Por quê? - ela não entende e franzi a testa.
- Por que eu quero a sua companhia, não pode?
- Pode, eu acho. - segura a mão dela.
- Você joga video-game?
- Às vezes. - se sentam no sofá.
- Melhor um filme?
- Melhor.
- Ok, você escolhe um aí. Eu vou fazer pipoca pra gente. Aí de você se fugir, hem!
- Pra onde eu iria? - ela sorri. Ele vai para cozinha e o celular dela vibra, uma mensagem.
" Filha, seu pai conversou com a mamãe, pediu desculpas, e prometeu nunca mais encostar um dedo na gente, vai ficar tudo bem. Nada de contar isso para ninguém, ok?"
"Não sei, mãe. Já não é a primeira vez que ele bate em nós e pede desculpas."
" Dessa vez será diferente, você vai ver. Agora promete pra mim que não vai sair espalhando essa história, ok?"
"Ok"
- Mãe, quando você vai perceber que meu pai não consegue mudar mais sozinho. - fala sozinha sentindo medo de como ficariam as coisas em casa.
Na praia, Kate e Pedro dormiram abraçadinhos na areia e acordaram com o sol na cara.
- Pedro, acorda. - Kate acorda assustada e o cutuca tentando acordá-lo
- Oi. - responde com sono, até que abre os olhos e percebe que está na praia. - Dormirmos aqui?
- Tudo indica que sim. Melhor irmos antes que chegue o pessoal que usa a praia pra tomar sol no fim de semana.
- O que quer dizer com isso?
- Que elas não usam pra dormir a noite. - ela ri do que fala e ele a acompanha.
- Engraçadinha! - os dois se levantam e começam a caminhar. - Nossa! Meu pai vai me matar.
- Liga pra ele.
- Melhor não. Prefiro ouvir a bronca pessoalmente. - ela ri dele. - Ei! Não ri de mim!
- Foi mal! - segura o riso. - Pelo menos tem um pai preocupado contigo.
- E os seus?
- Nem sentiriam minha falta. Estão no Japão!
- Japão? Sério?
- Sim. - chegam até a frente da casa dela. - Quer que eu vá com você, quem sabe seu pai minimiza a bronca.
- Melhor não. Mas, valeu! - beija a testa dela. - Dessa vez a bronca vale muito a pena! - pisca e ela sorri, depois manda um beijo no ar.
Enquanto isso no parque da cidade.
- Lorde Matheus! - ele a olha atento. - Por que quis sair comigo?
- Por três motivos! Número 1: Você é uma deusa grega... - ela o interrompe frustrada.
- Deusa não, por favor!
- Ok, humm... Uma sereia? - ela sorri e balança a cabeça em sinal que podia ser. - Número 2: Você é amiga de todo mundo, o que significa que é bem legal. E número 3: Estou muito curioso para saber o gosto dos seus beijos! - ela ri dele. - Que é? É muito sério! Olha como sua boca parece um lindo morango.
- Morango? - ri mais ainda. - Você é maluco, tenho certeza!
- Que isso, mileide! - ri com ela. - Você saíria com um maluco?
- Você sempre leva tudo numa boa assim mesmo?
- Eu tento! A vida deve ser leve e divertida, não acha?
- Acho sim. - deita no lençol que haviam estendido na grama, Matheus faz o mesmo, ficam observando o céu.
- Adoro olhar os desenhos nas nuvens.
- Jura? - ela olha pra ele que também a olha. - Eu também adoro.
- Olha um coração. - aponta para o lado direito no céu, e ela olha.
- Verdade. Olha um gatinho, ali. - aponta também, e ficam por um tempo se divertindo com os desenhos do céu.
Na casa dos Cohen, a Mãe deles desce as escadas para ir trabalhar e encontra Mari no sofá.
- Oi, Mari! - sorri para a menina que faz o mesmo.
- Oi, senhora Cohen.
- A Sam está aí? Achei que ela fosse sair.
- Ela saiu. Na verdade eu... - Danilo interrompe.
- Está vendo filme comigo, mãe. - chega a sala com um balde de pipoca nas mãos.
- Hum. - olha de um para o outro e sorri. - Ok, juízo, estou indo trabalhar. - beija a bochecha de seu filho.
- Meu segundo nome é juízo. - a mãe ri e sai. - Demorei?
- Não, eu nem escolhi o filme.
- Poxa, o que estava fazendo então? - senta no sofá ao seu lado.
- Lendo as mensagens da minha mãe.
- E aí tudo bem?
- Bom, ela acha que sim, mas eu sei que ficará bem só por hoje. - ele não entende, mas acha melhor não perguntar.
- Esquece isso por agora. Qual filme?
- Pode escolher.
- Tudo bem, eu vou escolher um filme que eu amo, mas talvez você...
- Pode pôr star wars.
- Como sabe? - ele a encara, e ela sorri.
- Te conheço há muitos anos.
- Eu sei, mas eu não sei qual é seu filme preferido.
- Talvez seja a hora de descobrir. - ela brinca e ele ri.
- Gosto da maneira como é sincera.
- A Sam diz que minha sinceridade é grosseria.
- A Sam é sensível. - ela se sente bem ao lado dele de uma maneira que a fez esquecer seus problemas em casa.
Pedro chega em casa e seu pai estava na sala a sua espera.
- Pai, oi.
- Onde o senhor dormiu?
- Na praia. - olha pra baixo com medo da reação do pai, e a campainha os interrompe.
- Olá, vizinhos. - a senhora Cohen cumprimenta quando Pedro abre a porta para ela.
- Oi, Cohen! - o pai responde sorridente.
- Desculpa incomodar.
- Magina, nunca incomoda.
- Eu só queria pedir pra dar uma olhadinha no Dan e na Sam, como faz quando estou trabalhando a noite.
- Claro. Considere feito.
- Você é um amor, obrigada!
- Bom trabalho. - se aproxima dela beijando seu rosto, e ela cora tímida.
- Obrigada. - sai, e ele fica a observando da porta.
- Pai. - Pedro chama, seu pai demora um pouco para perceber que o filho o chamou. Fecha a porta e olha.
- Não está metido com drogas, está?
- Não, pai! - diz como se fosse óbvio.
- Bebeu?
- Não.
- Saiu por aí transando?
- O que? Não, pai.
- O que estava fazendo na praia então?
- Estava olhando as ondas e acabei dormindo, só isso.
- Você podia ter sido roubado, morto, espancado, ou pior!
- O que pode ser pior? - olha pro pai assustado.
- Podia ter sido estuprado!
- Que horror!
- Você precisa ser mais responsável.
- Tudo bem. Prometo que serei.
- Vai nos Cohen e os chamem para dormir aqui.
- O que? Por quê?
- Por que é mais fácil tomar conta deles aqui, sempre fazemos isso, qual a novidade?
- Nenhuma. - se levanta do sofá. - Só vou tomar um banho primeiro.
- Ok!
A senhora James chega em casa mais cedo surpreendendo seus filhos.
- Mãe?
- Oi, Kate! Onde a senhorita estava?
- É... Fui caminhar na praia. - tenta disfarçar.
- Com essa roupa?
- Fui dar uma volta e não correr. - dá de ombros subindo as escadas.
- Não me envegonhe, da próxima vez vá com roupa de ginastica, só gente maluca anda com esse tipo de roupa na areia.
- Ok, mãe, pode deixar. - revira os olhos.
- Cadê seu irmão?
- Não sei, deve estar dormindo. - grita lá de cima, e encontra com o irmão no corredor. - Mamãe voltou mais cedo.
- E o papai?
- Não vi. - dá de ombros seguindo para seu quarto e ele a segue.
- O que achou do Anthony, ontem?
- Como assim? - ela tira o vestido sujo de areia.
- Sei lá, gente boa?
- Parece ser. - ela não entende onde ele queria chegar. Caminha para seu banheiro dentro do quarto.
- Você não notou nada? - ele a segue até o banheiro, ela entra no chuveiro, ele fecha a tampa e se senta no vaso.
- Como o que?
- Ele... Bom, não é um garoto normal, digo, é normal, mas não gosta de meninas!
- Ah! Ele é gay.
- Você sabia?
- Claro. Ele é um gato, eu concordo, mas não fez questão de conhecer nenhuma menina, só você, o Danilo e o Pedro. Estava na cara.
- Hum. - fica pensativo.
- Está tudo bem com você? - ela pergunta vendo seu irmão pensativo, se enrola na toalha.
- Está. - levanta-se rapidamente, e vai caminhando para o quarto dela, e ela o segue.
- Tem certeza? Você está esquisito!
- Só estava pensando em como deve ter sido complicado se assumir tão cedo. Ele deve ter uns 15 anos, eu acho.
- Acho que o se assumir é sempre muito difícil, sei lá. - para de falar pensativa e volta a falar. - Acho que depende muito dos pais que se tem.
- É! Talvez os pais do Anthony sejam mais mente aberta, antenados.
- Ou talvez não, como a maioria dos pais não são. Mas, deve ser difícil de qualquer forma. Só que ele sabe quem ele é, e não se escondeu. Admiro isso!
- Bem bacana mesmo.
- Tá aí, acho que todos nós deveríamos deixar de nos esconder.
- Como assim?
- Ah, eu sou apaixonada pelo Pedro, não vou me esconder porque o Danilo não curti isso.
- Você não esconde. - ele olha pra ela rindo.
- Mais ele esconde, chega de nos esconder.
- Por que assumir que é homossexual tem tudo a ver com demonstração de afeto que o Pedro evita na frente do Danilo.
- Kaio, pode concordar comigo pelo menos uma vez? - faz uma carinha de criança e ele sorri.
- Kate, Você não é o centro do mundo!
- Eu sou muito mimada, né?
- Muito! - joga uma almofada da cama dela na irmã.
- Ei! - os dois riem um para o outro. - Kaio, será que nossos pais ao menos sabem o que esperar de nós?
- Acho que não.
- Hoje o Pedro tava encrencado com o pai porque dormimos na praia, e a mamãe nem notou que menti sobre estar caminhando pela praia, mesmo estando com a maquiagem borrada e o cabelo bagunçado.
- Acho que o dinheiro estraga os pais.
- Pode ser. - ela troca de roupa, e se senta ao lado do irmão. - Você contou para alguém que somos ricos?
- Não, e você?
- Não.
- Melhor deixarmos em off. Essa informação geralmente só piora nossas relações na escola.
- Verdade. - deita a cabeça no colo dele. - Kaio! Você está afim da Sam? - ela fala bocejando e fechando os olhos.
- Gostar é uma palavra muito forte, mas ela é uma gata, inteligente, divertida.
- Humm, isso está me parecendo um mega interesse. - ele ri.
- Não gosto de competir, e o Matheus pelo ao contrário adora provar que consegue o que quer.
- Não acho que ele seja assim. Ele só luta pelo que quer, assim como eu.
- Você é uma abusada! Sorte da Mari você ter se interessado pelo Pedro, porque se não ela já teria te arrebentado a cara.
- Por quê? - abre os olhos o olhando.
- Você já teria agarrado o Danilo.
- Ele bem que é gatinho. - ri. - Mas dessa vez eu quero ficar aqui, estou cansada de me mudar.
- É, eu também.
- Por isso, não posso sair por aí beijando qualquer menino gatinho.
- Ainda mais aqui que é uma cidade pequena.
- Mesmo assim, com o Pedro é diferente. Não tenho vontade de beijar mais ninguém.
- Está mesmo apaixonada? - arqueia a sobrancelha esquerda a observando.
- Sim, estou. Dessa vez é pra valer. - ela mal acaba de falar e seu celular vibra com uma mensagem de Pedro.
" Conseguiu tirar toda a areia do seu corpo?rsrs"
" Nada que um belo banho não possa resolver"
- Vou te deixar namorando aí! - tira a cabeça dela do colo dele, ela manda beijo no ar e ele sai.
" Já estou com saudade"
"Eu sou muito agradável, por isso já está com saudades de mim"
" Convencidaaaa, mas linda e com razão"
" Você é muito gentil! Sempre! Sentindo falta dos seus beijos"
" de mim não, né? Só dos beijos."
" Só dos beijos hahaha"
"Eu te chamaria pra vir aqui, mas tenho que ir no Dan e na Sam daqui a pouco"
" Por quê?"
"Ah, nossos pais tem alguns hábitos. E eu tenho que chamá-los pra dormir aqui em casa porque a mãe deles está trabalhando"
" Boa sorte"
" Obrigado, vou precisar"
" Tudo culpa minha, desculpa"
" Não se culpe! Só tenha paciência, daqui a pouco o Danilo segue em frente"
" E seu pai brigou muito contigo?"
"Deu um pequeno show, mas não fiquei de castigo, então diria que correu tudo bem"
"Que bom. Minha mãe chegou está manhã, quase me pega no pulo"
"Como assim?"
"Estava em casa quando cheguei, mas disse que acordei cedo e fui caminhar na praia"
"Mas você detesta acordar cedo!"
"Até você sabe, e ela não"
"Que chato"
"Já estou acostumada."
" Não devia ter que se acostumar"
" Fofo!"
"Fofa!"
" S2"
" <3"
" hahaha já estamos como aqueles casais melosos?"
"Parece que sim hehehe"
- Filha! - a mãe aparece na porta.
- Oi.
- Se troca, vamos almoçar. Eu, você e seu irmão.
- Aconteceu alguma coisa? - Kate estranha a atitude de sua mãe.
- Precisa acontecer algo para almoçarmos juntos em família em um domingo?
- Não, mas... - a interrompe.
- Mas nada, vai se arrumar. - fecha a porta, e por mais que tenha dito que não havia motivo para aquele almoço o coração de Kate dizia que havia sim um motivo, restava saber qual.
Mais tarde Pedro toma coragem e vai até os Cohen, por conhecidência encontra com Sam e Matheus na porta.
- Oi, Pê! - Sam sorri para o amigo.
- E aí, cara? - Matheus cumprimenta o primo.
- Saíram de manhã e só chegaram agora?
- Algum problema, cavalheiro? - Matheus brinca, fazendo Sam e Pedro rirem.
- Não senhor lorde. - Pedro brinca de volta.
- Vamos entrar? - Sam abre a porta e veem Mari dormindo no ombro de Danilo que também dormia, se olham estranhando a cena.
- Eu perdi alguma coisa? - Pedro pergunta.
- Se perdeu, acho que perdemos todos. - Matheus afirma, os três entram, Sam fecha a porta e Danilo acorda, se assusta vendo os amigos e faz com que Mari também acorde.
- Oi. Não queríamos acordar vocês. - Sam fala com a voz suave.
- Nossa! Que hora são, preciso ir pra casa. - Mari fala colocando os sapatos.
- Relaxa, amiga. Está cedo. Vamos comigo lá no meu quarto? Preciso tirar esses tênis. - as duas sobe as escadas, e Matheus zoa Danilo.
- Já esqueceu a Kate? Não perdi tempo, hem!
- Nada a ver, Matheus! Não tem nada a ver. - fala seco e repara que Pedro estava lá. - E você o que faz aqui?
- - Ow, guarda as facas! - Pedro brinca, mas Danilo continua sério. - Só vim avisar que sua mãe passou lá em casa, meu pai falou pra dormirem lá. Eu não quis contar pra ele que você agora quer me evitar, achei melhor nossos pais não saberem.
- Ok, também acho.
- Credo, caras! Você são amigos, que clima nada a ver. - Matheus dá palpite e os outros dois ficam em silêncio.
CONTINUA...
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